Subscuta: The Sound Of Places
Um retrato sonoro da cidade
por: Pedro Luís Silva (in Jornal de Barcelos)
Cada local tem um som próprio. Que o define e caracteriza. Que o torna diferente e lhe confere personalidade. Como uma impressão digital, que nunca é igual. Em The Sound Of Places (TSOP) são projectadas imagens capturadas maioritariamente em Barcelos, em que os sons de cada sítio se interligam com a música paisagística de Katzgraben – trio composto por barcelenses: Tiago Esteves e José Fernando (ambos ex-Kafka) e Ricardo Peixoto (ex-Minus).
TSOP foi apresentado sexta-feira, naquele que foi o último espectáculo do Subscuta para o mês de Junho, com o auditório da Biblioteca Municipal a denunciar alguns lugares vagos. A viagem sonoro-visual começa em Londres, na Union Chapel, “um lugar sagrado, de culto religioso, e uma das salas de concertos mais emblemáticas da capital inglesa”, explica a sinopse/apresentação de contextualização do projecto – o elemento que completa uma tríade: vídeo, música e texto. Viajando de Inglaterra a Portugal, aterramos no Campo da Feira (“talvez o local mais emblemático e representativo da cidade”). Somos subitamente projectados para um ambiente bem familiar. Há pregões, vendedores com voz projectada pelo estridente som de megafone, conversas de velhotas que se juntam a coscuvilhar a vida alheia. A imagem é tudo menos turística. Os planos mostram o triste vazio do fim da tarde, quando a folia da feira abandona a cidade e fica o lixo pelo chão. “É a hora em que a cidade regressa ao “adormecimento” e o Campo da Feira volta a ser um parque de estacionamento”. Seguindo o percurso quase certo de um arrumador de carros que já juntou o ‘guito’ para a dose, seguimos até ao edifício da antiga fábrica Vouga. “um dos símbolos da urbanidade barcelense e o espelho físico e imponente de uma era pós-industrial”. Representando agora o declínio dessa época, serve de “refúgio de toxicodependentes e sem-abrigo, tela de graffitis e óbvio objecto de especulação sobre a sua demolição”. Um retrato sombrio, por vezes perturbador, de abandono, degredo e marginalização. No último capítulo/ensaio, sem título, é o movimento da água que marca o ritmo das guitarras (tanto eléctricas como acústica), dos computadores e dos sintetizadores de Katzgraben. Sejam esses movimentos “um rio que passa, gotas que caem no chafariz antigo. São águas”. Do Cávado. “Passa lentamente e o que a cidade colhe dele são gotas esparsas dos chafarizes”.
By: Pedro Luis Silva (Jornal de Barcelos)
Each place has its own unique sound. That defines and characterizes it. That makes it different and gives it personality. Like a fingerprint which is never the same. In The Sound Of Places (TSOP) are projected images captured mainly in Barcelos, where the sounds of each place are linked to the music landscape of Katzgraben - trio from Barcelos : Tiago Esteves and José Fernando (both ex-Kafka) and Ricardo Peixoto (ex-Minus).
TSOP was presented on Friday, in what was the latest show of Subscuta for the month of June, at the local library auditorium which showed some empty seats. The sound-visual journey begins at London's Union Chapel, "a sacred place of worship, and one of the most iconic venues in London," says the synopsis / background presentation of the project - the element that completes a triad: video, music and text. Traveling from England to Portugal, we land at “Campo da Feira” ("perhaps the most emblematic and representative place of the city"). We are suddenly projected into a familiar environment. There are traders’ cries, voices projected through the shrill sound of a megaphone, conversations between old ladies who join to talk about the lives of others. The picture is anything but touristy. The plans show the sad emptiness of the place during the evening, when the fun of the fair leaves town and the floor is full of garbage. "It's the time when the city goes back to "sleep " and the “Campo da Feira” returns to be a parking lot". Taking the almost certain path of a junkie who have collected the 'dough' for the dose, we are led to the building of the Vouga factory. "A symbol of urbanity and the physical and imposing mirror of a post-industrial era." Now representing the decline this time, serves as a "refuge for drug addicts and the homeless, graffiti screen, and obvious subject of speculation about its demolition." A gloomy picture, sometimes disturbing, abandonment, exile and marginalization. In the last chapter / essay, untitled, is the movement of water that marks the rhythm of the guitars (both electric and acoustic), computers and synthesizers by Katzgraben. These movements are "a river that passes, drops that fall on the old fountain. Waters. From the Cávado river. “The river that flows slowly. “And what the city reaps from it are the scattered drops falling on the fountains".
